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sábado, 10 de março de 2012

Quando os Valores São Invertidos








Um dos assuntos mais comentados e pregados nos dias atuais tem sido a perda dos valores morais, éticos e espirituais. Nossa sociedade permissiva, pregoeira do relativismo moral, de fundamentos filosóficos contraditórios com a palavra de Deus, o resultado não poderia ser diferente: a rejeição ou inversão dos valores absolutos.
Valores são níveis de preferências pelas coisas, objetos, sentimentos, conhecimento, ou comportamentos. Eles geram algum tipo de conduta, ou seja, servem de parâmetro para a ação das pessoas diante das muitas circunstâncias da vida. Os valores sociais são aqueles que fazem parte do acervo existente em nossa cultura; são os nossos costumes, nossas atitudes, nossas preferências, vistos no contexto social, ou aqueles que elegemos, individualmente, como importantes para nossas vidas. Como cristãos não podemos dissociar nossa vida social da vida e dos valores espirituais. Nossa vida social (que se expressa por meio de nossa vida física e humana no trabalho, na escola, na igreja, na festinha, etc) não pode desligar-se do contexto espiritual sem que neguemos a fé.
Parece que que nos dias de Isaias já havia quem fizesse tais inversões. O profeta Isaías denunciou a atitude daqueles que fazem das trevas luz e da luz trevas; do amargo doce e do doce amargo (Is 5.20). Os que postulam essa inversão de valores estão debaixo de um “ai” de maldição. A corrupção e a decadência dos valores morais tornaram-se tão gritantes que os homens não apenas se distanciaram da verdade, mas tornaram a verdade em mentira e a mentira em verdade. Senão observe o texto: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo” (Is 5.18-25; I Pe 1.15).
Hoje o que temos visto é a igreja e também os crentes nos seus particulares trocar o melhor de Deus, as coisas mais importantes que são promessas na Palavra de Deus, por coisas que não tem nenhum valor. Estão trocando a Palavra de Deus (Bíblia) por livros de conhecimento humano de Deus, que não podem edificar a vida de ninguém e introduzem heresias nas igrejas e também na vida dos crentes. (Ec 12.11-13; II Pe 1.16-21; Sl 119.105). Estão buscando sabedoria deste mundo, enquanto deveriam buscar sabedoria do Alto. (Tg 3.17; I Rs 3.1-14; Pv 1.7). Estão trocando a comunhão com o Espírito Santo, os ensinamentos vindos pelo Espírito Santo por sabedoria humana, coisas aprendidas em faculdades que nada pode acrescentar para a salvação do homem (Gl 1.6-12; I Co 2.1-5; Jo 14.15-26; I Co 2.13; Is 29.13). Estão trocando as coisas do alto por coisas terrenas, ou seja, estão trocando a fé no invisível pelo que é visível. (Cl 3.1, 2; Mt 6.25-33; II Co 4.16-18).
Como consequência da inversão de valores o mundo está dentro da igreja, na verdade a igreja não foi construída para ficar de porta aberta para o mundo entrar nela, mas sim porta aberta para ela sair e invadir o mundo. O mundo está dentro das igrejas através de suas musicas, suas doutrinas, seus lazeres, diante deste quadro não vemos diferença entre a igreja e o mundo. Martinho Lutero diz: “Não é a Igreja que deve determinar o que deve ser ensinado das Escrituras, mas são as Escrituras que determinam o que deve ser ensinado na Igreja”.
Geralmente se ouve que as pessoas se perguntam se vale à pena ser honesto. A profecia de Rui Barbosa se cumpriu: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Mas receio que a questão seja um pouco pior: as pessoas já não se perguntam se a honestidade vale à pena, mas sim se a honestidade é possível.
CAUSAS DA INVERSÃO DOS VALORES
Ascensão do relativismo moral. Relativismo é a teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Ela parte do pressuposto de que todo ponto de vista é válido. Essa filosofia afirma ainda que todas as posições morais, todos sistemas religiosos, todos movimentos políticos, etc., são verdades que são relativas ao indivíduo. É uma teoria filosófica baseada na relatividade do conhecimento, da cultura e na moral? nada é absoluto. Assim, tudo é variável, tudo depende da situação e na sociedade vigente. Segundo tais ensinos, o bem pode ser considerado “bem” em uma sociedade, em outro lugar, não. Declaram que a moral é algo relativo. Assim, a noção de certo e errado não existe? tudo é relativo. Em consequência, segundo o relativismo, um pode julgar ser pecado uma atitude e outro não. Entretanto, diante da Palavra de Deus, tudo é esclarecido, pois ela é a nossa norma de conduta: “Bem aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova” (Rm 14.22). A sociedade pós moderna tem sofrido as conseqüências da adoção dessa teoria filosófica. Assim, temos presenciado o que tem ocorrido na sociedade americana. Muitos estudantes têm matado colegas e professores. Podemos perceber que não são casos isolados, porque em lugares diferentes têm acontecido tais fatos. Por quê? Porque houve o descuido de transmitirem-se verdades fundamentais, tais como Deus, o respeito à vida. E o ensino sobre o pecado e seus efeitos? Não é mencionado. Graças a Deus que tem havido mobilização para o retorno do ensino cristão às escolas. Há necessidade de que os jovens tenham princípios fortes, para nortear sua conduta. Não se pode ficar à mercê do relativismo. Este não serve de guia, não dá certeza de nada, nem segurança. Quem segue o relativismo, não sabe que rumo tomar. Não tem a base para tomar uma corajosa decisão. Estamos vivenciando uma época de relativismo moral com a rejeição de Deus e dos valores cristãos. A verdade absoluta particular está sendo paulatinamente abandonada, a sociedade ergue a bandeira do pluralismo e evita a ideia que há realmente o certo e o errado.
Manifestação Social do Pluralismo. O pluralismo se traduz num maior número de opções disponíveis na sociedade, em todos os aspectos. É no supermercado, na livraria, no vestuário, na arquitetura etc. Pode-se definir pluralização com a frase “viva como achar melhor”, o que tem muitas semelhanças com a antiga Grécia e Roma, só com a diferença de que este “ecumenismo” não tem centro e deu origem a várias cosmovisões. Surgiu um sem número de “fés” que competem entre si, com pouco, ou quase nada em comum.
Crescente mundanismo. O sagrado e o religioso curvando-se ante o profano e o secular. A igreja sendo contaminada por práticas condenadas por Deus. Aberrações litúrgicas tomando o lugar do sagrado culto ao Senhor. Não se faz distinção entre o que é santo e o que é profano. Vivemos numa época de sacralização do profano e de profanação do sagrado. Nunca antes esses elementos estiveram tão misturados como nos tempos pós modernos. Desde há tempos, tenho me preocupado com tudo o que temos colocado no sacro ambiente aqui entre nós. Tenho visto comportamentos dos mais variados no ambiente evangélico pentecostal, comportamentos exibicionistas, egocentristas, o chamado antropocentrismo. Em muitas passagens bíblicas, verificamos a preocupação de Deus com a santidade de seu povo pareada com a preocupação de sua degeneração moral e espiritual (Ez 44.23; Zc 1.14). Esta preocupação tem base no fato de ter o mundo um senhor que se opõe ao Criador, o qual, ainda que muito menor em poder, é entretanto, maior que o homem. Devido a este quadro ameaçador para todo aquele que quiser adorar a Deus, lembrando que o deus deste mundo não conhece a misericórdia, é que o Senhor se apresenta nas Escrituras, como sendo o nosso refúgio e fortaleza para resistir e enfrentar o maligno desmanchando os seus laços. Esta batalha é antiga: quando o homem foi criado Satanás já havia se rebelado contra Deus e desde então ficaram delineados o santo (o que pertence ao Senhor) e o profano ou mundano (o que pertence ao deus deste mundo).
Subversão espiritual. Isso pode ocorrer com pessoas na igreja que, além de imaturas, são carnais, que se deixam levar por novas idéias, princípios e atitudes sem respaldo bíblico. Elas promovem confusão doutrinária, renegam a fé recebida, e forjam outras doutrinas fora dos princípios básicos da doutrina cristã defendidos na Bíblia Sagrada. Além disso, em nome de uma falsa revelação espiritual, contrariando toda a revelação bíblica, distorcem a verdade de acordo com suas conveniências pessoais e desvirtuam o texto bíblico de várias maneiras, para adaptá-lo ao seu modo de crer; aos seus conceitos pessoais (2 Tm 2.18; 3.7,8).
COMO REAGIR A INVERSÃO DE VALORESListo alguns princípios fundamentais:
Ø Denuncie o pecado e rompa definitivamente com ele
Ø Viva os valores do Reino de Deus. Não transija com os valores absolutos da Palavra de Deus. Não venda sua consciência. A verdadeira mensagem do evangelho não se conforma com os discursos politicamente corretos, nem tampouco com mensagens extraídas com boa exegese e hermenêutica, mas conforma-se aos elevados padrões da santidade divina (Mt 5.20,48; I Tm 3.15;6.11).
Ø Devemos desprezar e aborrecer aquilo que é mau, amar aquilo que é justo (I Jo 2.15-17) e não ceder aos vários tipos de mundanismo que rodeiam a igreja, tais como cobiça, egoísmo, oportunismo, conceitos humanistas, artifícios políticos visando ao poder, inveja, ódio, vingança, impureza, linguagem imunda, diversões ímpias, vestes imodestas e provocantes, imoralidade, drogas, bebidas alcoólicas e companhias mundanas.
Ø Devemos conformar nossa mente à maneira de Deus pensar (1 Co 2.16; Fp 2.5), mediante a leitura da Palavra de Deus e sua meditação (Sl 119.11,148; Jo 8.31,32; 15.7). Devemos permitir que nossos planos, alvos e aspirações sejam determinados pelas verdades celestiais e eternas e não por este presente século mau, profano e passageiro.
Diferentemente dos seculares, os valores de Deus são: (1) absolutos: Deus é soberano, por conseguinte, seus princípios e preceitos também os são (Rm 11.34-36). O homem pode até rejeitá-los, mas a conseqüência será sua própria ruína (Dt 12.28; Gl 6.7,8); (2) imutáveis: Deus não muda (Ml 3.6; Hb 13.8), por isso, seus preceitos e princípios jamais mudarão, de eternidade a eternidade permanece a palavra de Deus (Sl 119.89; Mc13.31); e (3 ) universais: Deus é único, em toda parte, apenas Ele é Deus (Dt 6.4; II Sm 7.22; Is 45.21; 46.9; I Co 8.4), portanto, seus preceitos e princípios não estão restritos a um determinado país ou região (Mt 28.18-20).
Nós, os cristãos, a fim de dar o exemplo, devemos viver, não de acordo com os preceitos e princípios humanistas, mas com a vontade de Deus que é absoluta, imutável e universal.


 Sérgio Pereira é Pastor na AD em Florianópolis (SC), onde atua como Pastor Setorial no Setor 5- Tapera, ministro filiado a CGADB e CIADESCP. Bacharel em Teologia, especializado em Bíblia, professor, conferencista e escritor

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